2.Quando Mia cresceu

18/05/2013 19:51

 

Você deve estar pensando: O que está acontecendo aqui? Ontem, Mia era apenas um pequeno bebezinho, depois se tornou uma criança apaixonada de seis anos e agora vai se virar uma moça? Não se assuste, é que a menina Mia teve que crescer para que a vida dela se desenvolvesse por aqui, e todos nos tivemos que crescer para que nossa vida seguisse adiante, já que nós não somos o Peter Pan...


Mia nunca quis ser adotada, preferiu ficar ajudando Dona Noemi a cuidar das outras crianças menores do orfanato e quando chegou a adolescência, ela começou a ganhar a vida fazendo entregas de doces e cupcakes da confeitaria do Seu Firmino, que havia aceitado a garota para trabalhar, pois não queria pagar motoboys para o serviço, vivia implicando com os drive-thru da cidade grande.


Ela se tornara uma garota especial e muito bonita, mesmo com os cabelos que ela fazia questão de manter curtos e as roupas largas e surradas. Dona Noemi vivia preocupada com aquela historia, pois de longe, ela vivia confundindo Mia com um menino! E nos momentos em que ela estava em casa, ela sempre perguntava:


-Mia, você já tem seus dezoito anos, já es uma moça tão bonita, por que se vestes assim?


-É o estilo que eu gosto mamãe, além do mais, pra que serve ser bonita?


Essa era a filosofia de vida desta garota que mesmo feliz e muito querida por todos, guardava a saudade do menino Julinho. Ele a visitou por três anos até o dia em que foi selecionado para fazer intercambia nos Estados Unidos, e ele havia mandado uma carta, pedindo para que ela ficasse bem e que fosse livre para fazer suas escolhas.


- Bobagem de criança... Quando se é pequenino, a gente sonha tudo...


- O tempo passa, mas você nunca esquece o Julinho, não é?


-Ah mamãe, ele foi um amigo tão especial... Como achas que ele está? – Mia vivia se perguntando como ele estaria, o rosto, o tamanho, pois para ela, Julinho era apenas as fotos da infância, a ultima cartinha e o botão, escondido dentro da caixa de fósforos.


-Meu Deus! São seis e meia da manhã! O seu Firmino deve estar uma fera e esperando por você! – Gritou Dona Noemi ao olhar o relógio e a garota simplesmente beijou a mãe e pegou sua bicicleta para mais um dia de entregas.


Ela seguia com muita pressa pelas ruas estreitas de Riomaggiore onde seu Firmino a esperava, olhando o relógio com o olhar fuzilante e estressado que todo chefe tem:


-Atrasada em cinco minutos, seu Joãozinho!


-Seu Firmino,me desculpa, eu estava...


-Não me venha com explicações e comece a trabalhar, tem que arrumar as caixas de cupcakes e depois fazer entregas,e eu já descontei dez reais do teu salário!


“Ainda assisto aquele filme do Como Matar meu Chefe, grrr!!!” pensava Mia com muita raiva enquanto preparava as embalagens, ela tinha que controlar o tempo que ela tinha, pois conversava tanto com a mãe que não via a hora. Nisso, ela observou o movimento das ruas e viu uma figurinha que lhe era muito familiar:


-Alfredo, o caminho da escola é pra direita!


-Não quero ir pra escola hoje!


-Eita começou de novo, por que você não esquece aqueles teus amiguinhos da rua e foca nos estudos? Você já foi transferido de outro lugar por que levou bomba!


-Tá bom, eu vou pra escola então! Ei, olha o disco voador!


-Onde?!- Quando ela se virou, o menino tascou um cupcake e correu para o caminho da escola enquanto a garota continuava o trabalho e se perguntava por que ela aceitara aquele emprego e por que ainda caia nessas brincadeiras.


Alfredo tinha dez anos e era um menino levado que havia sido transferido de um reformatório, por sempre arrumar brigas e tirar notas tão baixas na escola que tiveram que expulsá-lo. No fundo, era ingênuo e meio confuso, vivia se perguntando por que a mãe o deixara no reformatório lhe dissera que não demoraria a voltar e nunca mais... Tornara-se amigo de Mia e graças aos conselhos dela e por incrível que pareça, seu comportamento se amenizara, apesar de ainda fazer suas traquinagens.


Do outro lado da cidade, um jovem estava aprisionado no engarrafamento da cidade grande. Este era Rodrigo Salvaterra, que naquele momento estava sendo incomodado pelos gritos telefônicos de Andresa, sua namorada:


-Amor, por que nós temos que fazer uma festa tão grande?


-Por que sim, Rodrigo,! Neste mundo de ficadas, um mês de namoro merece uma festa!


-Para isso nós podíamos fazer um encontro especial, só nos dois,um jantar, não uma festa de debutante!


-Voce não gosta de mim?! Me diga, quer terminar comigo?


-Claro que não, o sinal vai abrir, tchau amor!-E ele desligou, afinal o semáforo abriu e ele não podia continuar no telefone. Naquele momento, Andresa estava com a “sogrinha” Cassandra escolhendo os vestidos para a festa de um mês de namoro dos dois.


-As vezes, nem parece que ele me ama!


-Não se preocupe, os homens são assim, não ligam muito para esses detalhes. Como pode o meu menino, ter uma namorada tão maravilhosa e nem se importar com o tempo que passam!


-Hum...Mas a senhora acha que ele se casa comigo?


-Não só acho como ele tem que se casar, para não correr o risco de conhecer alguem...


-Alguem como?


-Uma dessas garotas que esperam conhecer um rapaz rico e bonito como ele para darem golpes...


Como o papinho dessas bruxas chega a dar sono,vamos até Mia, que está procurando pelo endereço do lugar onde entregará os cupcakes e acabou se trombando com outra pessoa que ela não queria ver:Era Alvaro, um entregador de pizzas que veio logo com suas implicancias:


-Sai da frente,Joãozinho,quer que eu te atropele?


-Ah,sai daqui idiota, meu nome é Violetta Mia!


-Violetta?Não tinha outro nome melhor,parece até nome de velhinha encalhada!


-VELHINHA ENCALHADA,GRRRR


-Até por que do jeito que você é "molequinha",quem vai querer casar com você?


-Parabéns!


-Por que?


-Agora estragou o meu dia!-Pensam que ela deixaria barato?Não amigos,não estamos falando de Paulina Martins ou Maria do Bairro,e sim de Violetta Mia, que simplesmente deu varios socos e tapas em Alvaro que saiu correndo dali.


-E que não volte nunca mais!


-Eu ainda me vingo Joãozinho,me vingo!


-Meu Deus,o que aconteceu aqui?-Perguntou uma senhora de olhar doce e melancolico que escutava toda a briga.-Menino,você está...


-Senhora,eu não sou um menino...


-Ah,me desculpe...Você é da confeitaria Doce Amor,certo?...Trouxe os meus cupcakes?


-Estão aqui senhora...-A menina entregou a caixa e a senhora entregou o dinheiro,com muita pena.Afinal,Mia também tinha seus momentos de fossa,e acreditava que por isso,tudo naquele dia daria errado.


-Obrigada,e até outro dia!


-Outro dia...-A garota pegou a bicicleta e partiu em silencio.Aquela senhora,cujo nome era Celeste,ficava na porta,olhando aquela figurinha e pensava:


-Se fosse minha filha eu poderia abraçá-la...


Do outro lado da cidade, um jovem estava aprisionado no engarrafamento da cidade grande. Este era Rodrigo Salvaterra, que naquele momento estava sendo incomodado pelos gritos telefônicos de Andresa, sua namorada:


-Amor, por que nós temos que fazer uma festa tão grande?


-Por que sim, Rodrigo,! Neste mundo de ficadas, um mês de namoro merece uma festa!


-Para isso nós podíamos fazer um encontro especial, só nos dois,um jantar, não uma festa de debutante!


-Voce não gosta de mim?! Me diga, quer terminar comigo?


-Claro que não, o sinal vai abrir, tchau amor!-E ele desligou, afinal o semáforo abriu e ele não podia continuar no telefone. Naquele momento, Andresa estava com a “sogrinha” Cassandra escolhendo os vestidos para a festa de um mês de namoro dos dois.


-As vezes, nem parece que ele me ama!


-Não se preocupe, os homens são assim, não ligam muito para esses detalhes. Como pode o meu menino, ter uma namorada tão maravilhosa e nem se importar com o tempo que passam!


Após aquele dia cheio de carros e engarrafamentos, Rodrigo parou o carro em frente a confeitaria para comprar doces para Andresa. Quando fora atendido pelo Seu Firmino, Mia chegava querendo encontrar alguma coisa para descontar sua raiva e ainda teve que ouvir os gritos do chefe:


-Joãozinho, por que demoraste tanto?! Nunca vi funcionário tão desleixado como você,nem parece gente!


-ALGUEM AVISA PRO MUNDO QUE O MEU NOME É MIA?!EU NÃO AGUENTO MAIS!!!


-Queres ser demitido,ou demitida como preferir?


-Não.Só to aqui pela tia Noemi, o resto não me importa!


-Sr. Firmino, por que tratas a menina desse jeito?-Perguntou Rodrigo indignado com aquela cena. Mia levou um susto, pois nunca um desconhecido percebera de longe que ela era uma Violetta, graças a Firmino, todos os homens a conheciam como Joãozinho. E quando ela olhou para Rodrigo, ela teve que guardar o pensamento de “Cara,ele é lindo!Não pode ser de verdade!”


-Voce está bem? Precisa descansar, se machucou?


-Não,foi só um tombo que eu levei e fiquei com raiva de tudo...


-Ah, já está na minha hora,até logo e...Qual é o seu nome?


-Meu nome é Violetta Mia...-O rosto da garota ficava vermelho tomate e só lhe restava sorrir e agradecer a ajuda.


-Prazer, Rodrigo,qualquer coisa, eu estarei aqui!- E ele entrou no carro, se sentindo tão feliz por ter conhecido e ajudado alguém que não conhecia, que ele até se esquecera de comprar os doces para Andresa!


-Como assim você não comprou nenhum bolinho para mim?!


-Eu não tive tempo, o transito estava um caos, você viu tudo na televisão!


-Eu não vejo televisão, seu bobo! Volte pra cá! Temos detalhes pra acertar!Os convites,bolo,cabelo,etc...


-Certo!Até logo amor!-E desligou para dirigir o carro.


-Grosso!Se tiver outra no caminho dele,eu juro que...-Pensava Andresa que era muito ciumenta,imagina,uma diva como ela não poderia perder a chance de ter o herdeiro da empresa de brinquedos Miracle ao seu lado.


Quando Rodrigo desligou o telefone, ele desejou ter uma vida diferente,sem ordens ou exigências malucas, uma empresa como herança, apenas uma vida simples e muito boa. E sem perceber, estava se esquecendo de Andresa e a imagem daquela menina revoltada estava ganhando força...


Mais tarde, Mia voltou para casa, recebendo os abraços de Dona Noemi, das crianças e de Alfredo. E todos perceberam que havia algo de diferente naquela garota, que mesmo cansada e com tantas reclamações, ela contou para eles:


-Hoje eu descobri que os príncipes encantados existem de verdade!


-Mas do que você está falando?


-Ah, nada não, eu preciso de um banho!- E ela correu para se refrescar e renovar suas energias, enquanto isso, um trecho de uma canção veio em sua cabeça:


Que em menos de um segundo, transformaria o mundo


Pra me mostrar o quanto é importante perceber


E ver que bem la dentro um simples pensamento


Se torna muito mais intenso quando penso em você


Quando ela saiu do banho, era como se tivesse trocado de alma e seu sorriso se libertasse:


-Cara, ele é lindo...E é de verdade!


O carrinho de sorvete passava por ali e enquanto juntava dinheiro para comprar, se esbarrou com alguma coisa pequenina, enrolada em um lenço.


-Mas o que... Ai, aquela saudade de novo...Como será que você está? Devo te esperar ou seguir em frente? Aff, quanta besteira! Se bem que não custa nada sonhar...


(Não custa nada sonhar,para esquecer um pouquinho dos problemas do dia-a-dia...Alias,voce tem algum sonho ai?)